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O que a Consciência tem a ver com a Felicidade?

Por Juliana Costa

A Consciência é tudo que há! E essa não é uma afirmação apenas minha, mas também do neurofisiologista Tony Nader, que em suas buscas por entender o Ser Humano, encontrou-se no estudo da Consciência e aprofundou-se a ponto de não restar dúvidas quanto à relação disto com a felicidade.

A Consciência, como qualidade humana inteiramente à nossa disposição, quando despertada, construída e desenvolvida nos livra de sermos rebeldes construtores do sofrimento, pois nos desobriga da ideia deturpada de que a felicidade é algo a ser alcançado com esforços tremendos, por exemplo, e nos leva a sermos obedientes construtores da felicidade imorredoura, isto é, nos torna e mantém fiéis a nós mesmos, por nos oportunizar o entendimento de que a felicidade é e está no princípio da nossa existência, e não deve ser dita ou tida como meta de ser humano algum.

Isso porque ela, a felicidade, nos conduz à autointegração, à virtuosidade, à essencialidade, pois é aí onde ela está, logo, só assim podemos encontrá-la. Para tanto, precisamos primar por um viver consciente, guiado pela atenção plena, pela vigilância constante e pela percepção inabalável, afinal, enquanto atentos, conseguiremos observá-la em tudo, enquanto vigilantes poderemos reconhecê-la em nós, e enquanto perceptivos o bastante tenderemos a não perdê-la de vista, ou mesmo nos perdermos dela, que como dito, deve ser nosso norte.

Desse modo, buscando sempre e cada vez mais despertar, construir e desenvolver a Consciência, no Ser Humano e na sociedade, tenderemos a nos afastar de tudo que é dispensável, isto é, de tudo que tenta nos afastar da felicidade que tanto merecemos, isso porque Ela, a Consciência, é um recurso para quem prima por ter cada vez menos problemas em seu viver, e é aí, e só aí, onde a felicidade é tão duradoura, quanto inexistente é a dor.

Numa sociedade, por exemplo, onde ainda não se fomenta a consciência em grau significativo o bastante, não há cumprimento de Lei, logo, não há Ordem, nem individual, nem social; se não há ordem, há confusão, conflito, caos. E assim como há de haver a possibilidade sequer de se viver feliz? Não há! Afinal, o viver feliz deve ser ao mesmo tempo dinâmico e equilibrado, coisa que só a Consciência provê.

Enquanto não entendermos isso continuaremos com uma visão deturpada quanto à felicidade, achando, por exemplo, que ela não é algo espiritual, quando na verdade felicidade implica em ser o que em essência se é, coisa que traz como resultado a paz que tanto se almeja; esta que não está afeita aos prazeres sensoriais, mas sim extrassensoriais; não ao conhecimento, mas ao autoconhecimento; não à vicissitude, mas à virtude; portanto, não ao poder, mas à plenitude.

Sabendo disso, não há sentido em continuarmos alimentando em sociedade a ilusão da busca incessante e do encontro urgente da felicidade fora, onde, de fato, ela não pode nem nunca poderá ser encontrada.

Nesse sentido o pesquisador e professor de Psicologia e Bem-estar Todd Kashdan nos alerta para o fato de que à medida que os Seres Humanos sucumbem à pressão social por serem felizes a qualquer custo e constroem suas vidas tendo como objetivo primeiro se tornarem felizes, acabam se tornando menos felizes.

Essa busca desenfreada nos dá indícios de seu fracasso diariamente, seja através do descontentamento estagnador quanto ao lugar onde estamos, do fomento à eternização do prazer, da falta de unidade insuspeitável entre o que sentimos, pensamos e a forma como agimos, ou mesmo através do fato de ainda não termos conseguido fazer do nosso lar um templo da felicidade e continuarmos olhando sempre para o que está além daqui, acreditando que a felicidade está à nossa espera, em algum lugar adiante.

 Ledo engano! A felicidade não é algo encontrável, ainda que só se manifeste onde não existe caos. Ela não está na confusão, não está na dúvida, não está na crítica, não está na vingança, não está no sofrimento, não está na penitência nem nunca estará, e isso o olhar atento, vigilante e perceptivo o bastante pode testemunhar.

Ela também não está na diversão, ou melhor, na distração, e quanto menos noção real tivermos disto, mais chances teremos de continuar infelizes e infelicitando aqueles que também desatentos, descuidados e desavisados, estiverem ao nosso redor. Isso porque a felicidade fajuta reverbera como caos e não guia ninguém à plenitude.

Refletindo nessa perspectiva, podemos nos esbarrar na ideia de que a solução para se viver feliz é então o isolamento, certo? Outro engano! A felicidade sempre é compartilhada, transborda e transcende todos os limitadores da convivência que possamos ainda cultivar. Ela não é fruto da civilidade, não é produto das circunstâncias do nosso viver, não é dispensável e não tem atalhos.

Para Suzie e James Pawelski, escritores do livro Happy Together,

o que nos conduz à boa convivência e à felicidade é o fato de não focarmos apenas no que vai mal nas relações, mas primarmos por criar o hábito do equilíbrio, de sermos gratos pelo que vai bem, o que faz muito sentido ao compreendermos que a felicidade não é um fim, mas um princípio que pode e deve ser utilizado como meio de ação para os que já desejam ser, de fato, felizes, ainda que não seja fundamental ser feliz, mas ser a própria felicidade.

Para tal, a Consciência, pois assim como o analfabeto folheia um livro e não o entende, o incompreensivo vive em contato direto com a felicidade, mas não a compreende e tende a viver um longo culto ao dispensável, originando e desenvolvendo em si a decepção, a dor e o sofrimento.

Despertemos então a nossa Consciência a ponto de sermos inquietos quanto à felicidade, ou melhor, sejamos nossos próprios cientistas da felicidade, como alude Mark Williamson, líder da iniciativa Action for Happiness, e assim, de uma vez por todas, a encontraremos, afinal, para todos os outros seres a felicidade é existir, mas para o Ser Humano é ter a consciência da existência dela, em si.

Consciencióloga, Educadora com experiência em todos os níveis da Educação Básica no Brasil, Especialista em Ensino e Autoconhecimento, Consciência e Educação, Neuropsicologia e Psicopedagogia. Mestranda em Psicologia Clínica e de Aconselhamento com foco em Satisfação no Trabalho, Trabalho Digno, Cinco Grandes Fatores da Personalidade (Big Five) e Saúde Mental. Docente em cursos de Graduação e Pós-graduação nas modalidades presencial e à distância. Coordenadora do Núcleo de Apoio, Acessibilidade e Inclusão numa Faculdade Brasileira. Palestrante com experiência internacional em Dinamarca, Austrália, Estados Unidos, México, Portugal e Brasil. Escritora de diversos artigos e capítulos de livro, bem como da série “Abordagens sobre a Consciência em seu Pragmatismo”. Consultora em Ciências da Educação em diversas empresas de cunho público e privado.

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