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Politicagem em meio à tragédia

Por Antônio Tozzi

A catástrofe que se abateu sobre o Rio Grande do Sul, por si só, seria suficiente para que as pessoas
colocassem de lado seus preconceitos e ideologias. Entretanto, para muitas delas, isso serve apenas
como combustível para propagar seus conceitos raivosos e incendiar seguidores com polêmicas sem
necessidade e, muitas vezes, infundadas.


Se o sujeito é de esquerda enaltece a ação do governo federal, exalta Lula como o líder messiânico,
aplaude as ações dos ministros (a maioria deles integrantes do PT) e não admite qualquer crítica ao
modo de administrar a tragédia.


Nas redes sociais, eles ficam divulgando tudo que é favorável ao seu líder, como se o Brasil estivesse em
um momento raro no qual o país está em franca recuperação e à frente de muitas outras nações sem
contar aquela conversa de que agora o Brasil é respeitado no cenário internacional.


Quando os opositores e centristas criticam as ações realizadas para diminuir os estragos causados pelas enchentes e a falta de um plano exequível para recuperar o Rio Grande do Sul, são chamados de
“bolsonaristas” e ingratos por não saber reconhecer o esforço empreendido pelo governo.


Do outro lado, os que votaram contra Lula apenas enxergam trapalhadas e gastos desnecessários que
deveriam ser reencaminhados para a reconstrução do estado sulino. Dessa forma, advogam pela
extinção de ministérios descartáveis, pela destinação do fundo eleitoral aos flagelados, a fim de ajudar
com recursos a recuperação de um dos estados mais produtivos do Brasil.


O grau de contenção, entretanto, ganha ares de guerra mesmo nas redes sociais. Os esquerdistas
afirmam que o atual governo se solidariza com as dores daqueles que perderam tudo em uma das
piores tragédias vividas pelo povo gaúcho. Algo bem diferente daquilo que foi feito por Bolsonaro na
época da pandemia causada pela covid-19.


Os direitistas e centristas, por sua vez, acusam o governo de se aproveitar desta situação de caos para
fazer um jogo político com o objetivo de aumentar sua popularidade (que está na descendente),
sobretudo nesse ano eleitoral. No meio dessa briga está o governador Eduardo Leite que, por ser do
PSDB (um dos poucos remanescentes), recebe críticas dos dois lados.


Realmente causa tristeza lermos absurdos publicados em redes sociais, afirmando que o castigo sofrido
pelo povo gaúcho é merecido por ser um estado separatista, formado por uma elite branca e nazistas,
além de defensores do bolsonarismo. Em primeiro lugar, nem todos votaram em Bolsonaro nas últimas
eleições, o povo é formado por brancos descendentes de europeus, mas tem muitos negros e índios em
sua composição, a ponto de Lula comentar incrédulo: “Não sabia que havia tantos negros no Rio
Grande do Sul”. Além de demonstrar um desconhecimento absurdo para alguém que está ocupando a
presidência pela terceira vez, revelou um preconceito subjacente.


Na verdade, o que alguns esquerdistas estão fazendo com este discurso de ódio nada mais é do que
replicar o que muitos direitistas fizeram logo após as eleições de 2022 com os eleitores nordestinos
garantindo a vitória de Lula em um pleito bastante apertado. Ficava com o coração partido ao ler
comentários desejando o pior para o Nordeste por causa de seus eleitores terem escolhido o atual
presidente em relação ao antigo ocupante do Palácio do Planalto. Alguns mais radicais chegaram a
tentar criar uma corrente para que os sulistas e sudestinos evitassem passar férias no Nordeste. Da mesma maneira, que nem todos sulistas votaram em Bolsonaro, nem todos nordestinos optaram por
Lula.


Outra “batalha” reside nos ídolos das respectivas tribos. Os direitistas, que criticaram o show de
Madonna na Praia de Copacabana, acusaram a estrela americana de ignorar as vítimas da tragédia.
Ficaram calados ao saber que a diva havia doado R$ 10 milhões para ajudar. Do lado esquerdista, o ódio
se direcionou para Elon Musk. Ao saber que o milionário sul-africano doou mil antenas Starlink e decidiu
não cobrar pelo uso, foi a vez dos esquerdistas enfiarem a viola no saco. Isto aconteceu com Felipe Neto
e Windherson Nunes de um lado, e com o dono da Havan e Neymar do outro lado.


Está mais do que na hora de as pessoas esquecerem suas preferências ideológicas e se concentrarem no auxílio às vítimas, até porque pessoas más e boas existem nos dois lados. Se houvesse uma maior
compreensão entre os dois grupos, certamente o Brasil seria o principal beneficiado. Mas quem controla
o ódio das pessoas, sobretudo daquelas escondidas no anonimato de uma tela de computador?

Com mais de 40 anos de experiência como jornalista no Brasil e os EUA, acredito poder contribuir com a Abayomi para oferecer algo positivo aos seus colaboradores. Também sou corretor de imóveis na Flórida e posso auxiliar interessados em adquirir um imóvel na Flórida.

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