Internet é palco para ególatras, mas, cumpre função social
Por Antônio Tozzi
O advento das mídias sociais criou uma nova onda no segmento da comunicação. Na verdade, subverteu os valores aos quais estávamos acostumados. Por ser da velha geração, sou do tempo em que recebia as notícias através de jornais, revistas, rádio e televisão. Ou seja, éramos receptores passivos e nossas opiniões, discordâncias ou concordâncias resumiam-se aos encontros com familiares e amigos.
Desse modo, a Internet modificou a maneira de se comunicar. O que era tratado somente como um meio para manifestar suas opiniões próprias se tornou símbolo de status junto aos seus conhecidos. Mais incrível ainda, influencer acabou se tornando uma profissão. E para alguns bastante lucrativa. Não é à toa que pululam nas mídias sociais cursos e dicas para aqueles que desejam ingressar neste novo mundo midiático e se tornarem milionários às custas de likes, inscrições e compartilhamentos de conteúdos. Como todos sabemos, quem acaba ganhando dinheiro mesmo são aqueles que ministram os tais cursos, aproveitando-se da fama que conquistaram. Mas, isto é tema para outra coluna.
Nosso foco aqui é demonstrar os benefícios e os malefícios dessa nova ferramenta de comunicação que tem sido responsável pela falência de muitas mídias tradicionais de outrora. Hojem é raríssimo ver alguém lendo um jornal no formato de papel, o que obrigou os jornalões (em todo o mundo) migrarem para esta nova mídia.
Essa migração, no entanto, vem causando uma onda de desemprego e falências em setores que viviam do modelo anterior, como gráficos, jornaleiros, livreiros, e atingindo em cheio classes como a dos jornalistas, que precisaram se readaptar ao novo modelo, e publicitários, que também tiveram de se readequar. O problema maior para eles nem se trata da readequação, mas, sim, dos achatamentos salariais provocados. Como as mídias são instântaneas e pulverizadas, as big techs, que hoje são as verdadeiras controladoras das mídias, cobram preços irrisórios, em comparação às mídias tradicionais, pois sabem que ganham no volume. Assim, as empresas de comunicação que estão sofrendo bastante com essa concorrência são obrigadas a demitir profissionais desta área e a pagar baixos salários para não fecharem as portas.
Esse é, sem dúvida, uma das piores consequências da chegada das mídias sociais. Mas, há outros. A disseminação de fake news é outra má consequência da disseminação das informações. Hoje, qualquer pessoa pode ao seu bel prazer manipular informações para que elas sejam difundidas de acordo com seu ponto de vista. Para ficarmos no campo da política, isto é praticado tanto por esquerdistas como por direitistas.
Outra consequência indesejável é a consagração dos chamados influencers. Tratam-se de pessoas que constroem suas famas em geração de conteúdo, muitos deles questionáveis, e aproveitam para ganhar dinheiro (bastante, em alguns casos), tornando-se referências para desavisados. Ou seja, divulgam produtos de caráter duvidosos e produzem conteúdo fútil simplesmente com o objetivo de obter likes e clicks para aumentarem suas visibilidades e consequentemente serem remuneradas pelas plataformas. Isto é bom para os influenciadores, porém, ruim para quem segue seus conceitos. Os receptores destas mensagens acabam se tornando mais idiotizados.
Bem, destacamos aqui, os malefícios. É hora portanto de exaltar os benefícios. O uso das mídias sociais tomou das mãos dos antigos geradores de conteúdo o poder de serem os emanadores das notícias, das opiniões e de suas visões de mundo. Desta forma, ninguém mais é, digamos, “dono da verdade”. Todos podem manifestar suas opiniões e expresser seus pontos de vista. Isto é salutar, porque não limita os horizontes, antes confinados aos jornalistas e cientistas sociais.
Entretanto, como foi mencionado anteriormente, isso pode dar margem à geração das fake news. Aliás, o Congresso Nacional do Brasil manteve o veto do então presidente Jair Bolsonaro (PL) a um trecho da Lei de Segurança Nacional que criminalizava o disparo em massa de informações falsas sobre o processo eleitoral. Embora seja um crítico das fake news, concordo com a decisão dos parlamentares. Até porque isto poderia gerar uma forma disfarçada de censura, uma vez que o conceito de fake news ficaria restrito a alguns julgadores, que, como todos sabemos, são inclinados a julgar de maneira ideológica.
Os esquerdistas estão lamentando a decisão, por saber que não poderão impor limites à divulgação de notícias e informações que contrariam seus interesses. Já os opositores estão comemorando porque não deverão ser policiados por órgãos de censura, disfarçados de juízes da moralidade. Vale lembrar que as pessoas estão analisando o atual momento político do Brasil, mas, isto pode mudar. Aí, quem se beneficiará desta decisão serão os mesmos que estão criticando isto. Além do mais, já existe no Código Civil artigos e medidas a serem acionados quando alguém se sentir atingido em sua honra.
Outro benefício é a possibilidade se tornar um gerador de conteúdo digital com um orçamento relativamente baixo. Bastam um microfone e uma câmera para qualquer um se tornar uma “estrela”. E todos possuem telefones celulares capazes de fazer um vídeo ou tirar uma foto na hora em que o fato estiver acontecendo. Não é mais necessário ligar para a imprensa. Na verdade, tem sido o contrário. Os “jornalistas amadores” é que estão abastecendo veículos da grande mídia com fotos e vídeos sobre catástrofes naturais, flagrantes de guerra e atentados terroristas, entre outros temas.
A verdade é que, mais do que nunca, vivemos a era da “aldeia global”, como vaticinou o comunicólogo canadense Marshall McLuhan décadas atrás. Visionário, ele previu a realidade atual, assim como os criadores dos desenhos animados The Jetsons, da Hanna Barbera Productions, que anteviram todas engenhocas que tornam nosso atual cotidiano mais confortável.
Com mais de 40 anos de experiência como jornalista no Brasil e os EUA, acredito poder contribuir com a Abayomi para oferecer algo positivo aos seus colaboradores. Também sou corretor de imóveis na Flórida e posso auxiliar interessados em adquirir um imóvel na Flórida.
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