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Entrevista com Lana Braga

Por Renata Ross

“…mas é preciso ter força,  é preciso ter raça,  é preciso ter sonhos sempre…”

Lana Braga,  a mulher brasileira,  palestrante internacional,  que luta pelos direitos e proteção às mulheres, é nossa cidadã consciente desta edição.

1- Quem é Lana Braga?

Lana Braga é uma mulher de 47 anos, que diariamente luta para que todas nós possamos ter a liberdade de sermos quem quisermos, que possamos ter relacionamentos saudáveis e que sejamos protagonistas de nossas vidas.

2- Como você descobriu seu propósito profissional?

Na adolescência vivi um relacionamento abusivo,  antigamente ninguém falava sobre isso, depois de formada em Direito descobri o que havia vivido e que sempre eu me colocava merecedora desses relacionamentos que aprisionavam. Minha mãe sempre me dizia que a liberdade da mulher era ouro, ela me falava, que eu precisava dirigir, trabalhar e ser independente e ela me  ajudou nessa trajetória  e entrega à causa. Fiz especialização em violência doméstica e através de minhas vivências descobri que milhares de mulheres precisavam também de uma rede de apoio e que a conscientização salva vidas.

3- Como é  seu trabalho no Brasil e pelo mundo?

Sou fundadora do Instituto Maria na Comunidade onde damos acolhimento a mulheres vítimas de violência doméstica,  temos todo amparo psicológico, jurídico, acompanhamento com nutricionista e  cursos diversos. Direcionamos mulheres às oportunidades de trabalho , inserindo-as ao mercado,  e tudo que a mulher precisa para se fortalecer.  Também palestro sobre violência doméstica. Em 2024 tive a oportunidade de estar em Newark, New Jersey , através da Mantena Global Care e em novembro palestrei em Orlando ,Flórida , no Congresso Internacional de Violência Doméstica.

4- Nos conte sobre momentos marcantes que tenha vivido em sua carreira.

Tenho vários casos marcantes que posso citar, por exemplo atendi uma mulher 60 mais que viveu 35 anos dentro de um relacionamento violento. Ela fugiu com a roupa do corpo e refez a sua vida aqui no interior de São Paulo. Durante todo o atendimento eu conseguia ver a vontade de renascer nos olhos daquela mulher. Ela acabou os estudos, que ele não deixava quando estavam juntos,  prestou vestibular, e eu recebi uma mensagem dela dizendo: ” Você mudou a minha vida”.  Não existe nada mais gratificante do que isso, porque na verdade,  quando fortalecemos uma mulher, conseguimos fazer com que ela entenda o quando ela é especial,  importante para ela mesma em primeiro lugar. É uma descoberta linda, a lagarta que vira uma borboleta.

5- Onde está localizada a organização Maria na Comunidade e que tipo de serviço as mulheres podem receber lá?

O Instituto Maria na Comunidade fica localizado em São José do Rio Preto. Hoje temos 100 mulheres cadastradas. No ano de 2024 foram mais de 3.000 mulheres e meninas assistidas, entre palestras em escolas. Fora do país oferecemos atendimento psicológico, assistência jurídica, nutricionista, cursos e serviços que prestamos para todas as mulheres.

6- Quais são seus planos para o futuro?

Juntamente com o Instituto pretendo construir uma cozinha para podermos receber cursos profissionalizantes, estamos fechando algumas parcerias para atender crianças também e podermos crescer como Instituição.  Lanço em breve um e-book para que as pessoas possam entender mais sobre a violência contra a mulher de forma clara, sobre principais pontos, rede de apoio, tudo para ajudar a todas que precisem.

7- Que recado você pode deixar para mulheres que sofrem violência doméstica e para toda sociedade de forma geral?

A primeira coisa é que não julguem uma mulher que sobre violência doméstica, ela precisa de acolhimento, ninguém fica dentro de um relacionamento abusivo e violento porque gosta, é preciso que estejamos prontos como sociedade para desconstruir falas que revitimizam essa mulher, o acolhimento faz com que a mulher tenha força para denunciar.

Mulheres eu sei o quanto é difícil, mas procurem ajuda, não se calem, o silêncio mata, fiquem atentas aos sinais e o que precisarem contem comigo. Somos todas Marias.

Renata Ross: Mulher, mãe, professora e escritora. Formada em Letras com Pós-graduação em Língua Inglesa. Membro da Academia Internacional de Literatura Brasileira. Autora de Fragmentos de um coração, S.O.S. Educação Infantil ( Dicas de professor para professor), Arvorida, Arborling, De coração para coração e Tainha, o menino pescador e outras histórias. Brasileira vivendo nos Estados Unidos. Amo Literatura, artes, música e natureza. Caminho com o propósito de promover educação cognitiva, emocional e ambiental.