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Em tempos eleitorais, Internet passa a ser uma arma poderosa

Por Antônio Tozzi

A substituição de Joe Biden por Kamala Harris na corrida presidencial para a Casa Branca coloca um
elemento fundamental que pode alterar o resultado da eleieção.

O fenômeno se repete no Brasil, com as eleições pelas prefeituras em todo o país. Obviamente, as capitais chamam mais a atenção, devido à grande quantidade. Como no Rio de Janeiro, a vantagem do
atual prefeito Eduardo Paes pela reeleição é enorme e ele deve vencer ainda no primeiro turno, as
atenções se concentram prioritariamente em São Paulo, a maior cidade do país, e responsável pelo
terceiro maior orçamento do país. Os principais contendores são o atual prefeito Ricardo Nunes e o
deputado estadual pelo PSOL Guilherme Boulos.

Nos dois casos, a comunicação pelas mídias socias deve representar o principal veículo para conquista
dos eleitores. Como um jornalista da Velha Guarda, fico impressionado com a desintegração da
chamada mídia tradicional nesse processo tecnológico. Hoje, as pessoas pouco se importam com os
noticiários transmitidos nos horários nobres da CBS, ABC e NBC nos EUA ou da Rede Globo no Brasil. Os tempos em que Walter Cronkite e Cid Moreira representavam a imagem da credibilidade viraram
fumaça.

Atualmente, o que vale para algumas pessoas são as postagens nas mídias socias ou as mensagens
enviadas por WhatsApp, SMS, Telegram ou outras formas de comunicação do gênero. Portanto, os
marqueteiros estão priorizando essas formas de contato com os eleitores. Eles esqueceram os
“santinhos”, e recrutam um pequeno exército de pessoas encarregadas de disparar mensagens através
das mídias sociais e emails.

Evidentemente, a mídia tradicional ainda ocupa uma posição de respeito dentro deste processo, com
veiculação de comerciais contra e a favor dos candidatos. Entre um noticiário, um programa ou uma
transmissão esportiva é comum assistirmos a comerciais exaltando determinado candidato ou
desmoralizando seu oponente.

Além disso, os principais jornais e as grandes redes de mídia eletrônica servem como instrumentos para
referendar ou criticar os candidatos. Aqui nos Estados Unidos, a divisão ideológica é clara. Fox News é
assumidamente de direita, enquanto MSNBC é claramente de esquerda e a CNN pretende ter uma
postura mais isenta.

No Brasil, o crescimento da direita se potencializou com a eleição de Jair Bolsonaro. Antes, as pessoas
tinham vergonha de assumir os valores pregados pela direita, talvez como reflexo da ditadura de 21
anos que dominou o país. Aí, a maioria passou a seguir os ditames de líderes e jornalistas com
tendências de esquerda.

Cansada de muito discurso e pouca ação, os defensores dos valores cristãos saíram das sombras e
assumiram o papel de protagonistas no cenário politico-eleitoral do Brasil, ancorados em padrões
determinados pelas igrejas cristãs, sobretudo às de cunho neopentecostal.

Hoje, o ódio ou o amor por determinado veículo é instilado nas mídias sociais e nas comunicações
pessoais instantâneas. Eu, por exemplo, recebo dezenas de mensagens indesejáveis através de
WhatsApp e SMS. De nada adiante eu pedir, insistentemente, para que não me enviem este tipo de mensagens.

Ora, na condição de jornalista, ouço, assisto e leio jornalistas de ambas tendências para
formar minha opinião. Não preciso que me digam em quem votar ou como devo me comportar.
Nesse mês de agosto, após as férias nos dois países, prepare-se para receber uma avalanche de
mensagens pelos mais diferentes meios. Além disto, haverá a guerra das celebridades endossando o
candidato A ou o candidato B. Particularmente, não acho legal artistas tomarem partidos, porque isto
pode ferir os sentimentos de um fã, que pensa exatamente o contrário deles.
E você já escolheu seu candidato? Aqui vai um conselho a ser seguido. Procure se informar sobre as
propostas dos candidatos a fim de tomar sua decisão. Evite se deixar levar por grupos de pressão, sejam
eles de direita ou de esquerda, até porque ambos são nocivos e tendenciosos. A tendência é o eleitor
escolher o candidato mais por pressão de parentes e amigos ou por fatores ideológicos sem sequer
avaliar suas propostas de governo.

Assim, here, there and everywhere, não se deixe levar pelos comentaristas de TV nem por pressão de
parentes e amigos. Afinal, seu voto é uma arma que pode ser importante para determinar o destino do
país, seja aqui nos EUA, seja aí no Brasil.