Do Tradicional Templo do Saber à Imaterialidade Digital: A Arquitetura da Aprendizagem Contemporânea – Abayomi Academy
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Do Tradicional Templo do Saber à Imaterialidade Digital: A Arquitetura da Aprendizagem Contemporânea

Por Aila Boler

A universidade é mais do que um centro de ensino. Ela é um organismo vivo, um templo democrático do saber onde mentes se encontram, pensamentos se cruzam e o aprendizado se torna uma experiência sensorial. Seus espaços como: salas, pátios, corredores e bibliotecas, podem ser protagonistas na construção do conhecimento. A universidade deve ser tratada como um espaço de transformação, onde a arquitetura enaltece emoções, estimulando descobertas e conexões humanas.

O impacto dos espaços de aprendizagem transcende a funcionalidade. Chism e Bickford (2002) destacam que a configuração dos ambientes acadêmicos influencia diretamente as interações, podendo ampliar a criatividade ou restringi-la. Quando o espaço permite trocas livres, favorece o pensamento colaborativo. No entanto, quando limita movimentos e olhares, restringe a expansão das ideias. O aprendizado não acontece apenas na sala de aula, mas em cada canto onde há espaço para o encontro. Jamieson, Fisher e Gilding (2000) ressaltam como a arquitetura acadêmica molda o processo de ensino, transformando o ato de aprender em uma experiência orgânica e social. Salas flexíveis, pátios que acolhem diálogos e espaços híbridos redefinem a experiência, tornando-a mais fluida e inspiradora.

A vivacidade do espaço de aprendizagem impacta diretamente a absorção do conhecimento. Ambientes híbridos favorecem tanto a interação quanto a introspecção, proporcionando uma experiência mais dinâmica e enriquecedora. Enquanto isso, salas de aula e auditórios oferecem uma abordagem mais linear, na qual o conhecimento flui do instrutor para os alunos (Jamieson, Fisher & Gilding, 2000). A iluminação natural contribui para a concentração e o bem-estar (Chism & Bickford, 2002), ao passo que a psicodinâmica das cores estimula diferentes estados cognitivos (Imms, Cleveland & Fisher, 2016). Além disso, o conforto acústico e a tecnologia integrada elevam o nível de engajamento, consolidando a arquitetura educacional como uma peça-chave no processo de aprendizado.

O espaço digital, por outro lado, possui limitações quanto ao ambiente físico integrativo, já que o processo tende a se tornar mais individualizado. Por isso, demanda novos formatos para que o aprendizado continue conectando pessoas. Imms, Cleveland e Fisher (2016) apontam que os ambientes virtuais precisam oferecer mais do que plataformas funcionais com acesso praticamente ilimitado ao conteúdo. Os espaços universitários digitais devem ser pensados como espaços imateriais que criam pontes entre ideias e pessoas, eliminando espaços físicos sem perder a essência do encontro. 

A universidade pulsa, respira, transforma. É nela que se moldam não apenas profissionais, mas seres humanos que experimentam o conhecimento em sua forma coletiva, dinâmica e inspiradora. Como demonstram os estudos de Chism e Bickford (2002), Jamieson, Fisher e Gilding (2000) e Imms, Cleveland e Fisher (2016), um espaço bem planejado não apenas abriga, mas potencializa a experiência de aprender. A arquitetura e a educação se entrelaçam para criar não apenas lugares, mas vivências, onde o saber não apenas se transmite, mas se sente e o ambiente imaterial digital deve mais do que nunca, permitir acesso a conteúdo confiável de qualidade, trocas e interações.

Referências

Chism, N. V. N. & Bickford, D. J. (2002) Learning Spaces: More than Meets the Eye. Jossey-Bass.

Jamieson, P., Fisher, K. & Gilding, T. (2000) The Impact of Learning Spaces on Teaching and Learning. University of Melbourne.

Imms, W., Cleveland, B. & Fisher, K. (2016) Innovative Learning Environments and Teacher Change: Defining Key Concepts. Springer.

Aila Boler, arquiteta e escritora soteropolitana, explora a relação entre arquitetura e emoções. Para ela, as cidades são organismos vivos que refletem sentimentos e experiências humanas. Sua escrita propõe uma conexão profunda entre as pessoas e os espaços, promovendo a humanização dos ambientes.
Com uma abordagem delicada, Aila registra mediações entre espaços e subjetividade, conquistando premiações e publicações. Seu trabalho pode ser encontrado sob consulta.
Aila une suas paixões e torna-se especialista em Marketing nos segmentos de Arquitetura e Home Décor, monta a Boler Marketing e Comunicação atendendo clientes no Brasil e mundo enquanto mora na Austrália. 


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