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A paz e a simplicidade

Por Benedito Nunes

Quantos e quantos, em sua simplicidade, guardam os benefícios da felicidade em forma de paz, enquanto a outros, a fome da busca vazia perturba incessantemente.

Aprendemos, não importa a distância da nossa infância, que a felicidade virá depois de cumprirmos nossas tarefas ou alcançarmos objetivos e metas traçados. “Primeiro a obrigação, depois a diversão”. Assim diziam nossos pais, que aprenderam com nossos avós, forjando em nossa imaginação infantil a equivocada ideia do esforço primeiro, para depois desfrutarmos a tão esperada felicidade.

Assim, aprendemos a sacrificar nosso tempo, que sempre julgamos curto, nossas relações, que sempre julgamos incompletas, nossa saúde, que sempre julgamos inabalável e nosso descanso, que sempre julgamos desnecessário, em vazios freudianos, que nos fazem buscar riquezas materiais nas mais variadas formas, certos de que, em algum dia, poderemos finalmente desfrutar do que acumulamos ao longo de nossas vidas.

Aprendemos então, que felicidade é recompensa e, em razão dessa premissa, na maioria das vezes elaboramos nosso plano de vida apenas para existir e acumular e, por fim, chegar à conclusão tardia de que estávamos equivocados. Devemos repetir incessantemente para imprimir em nossa plasticidade cerebral e não nos deixarmos esquecer: felicidade não é recompensa; felicidade é construção diária.

Portanto, sacrifícios repetidos como não prestar atenção a nós mesmos, não conviver com nossos filhos ou não cultivar nossas relações sociais e profissionais, se mostrarão vazios quando chegar o tempo do acerto de contas, de pagarmos pelas escolhas que fizemos. Quando olhamos apenas para a frente, veremos sempre o mesmo horizonte; quando olhamos para trás, veremos sempre a mesma paisagem que se retrai; mas se olharmos para os lados, poderemos desfrutar de ricas e diversas experiências, acumulando tesouros sensoriais nas memórias, que irão fazer valer o caminho e premiar nossa chegada.

Primeiro, porque nós sempre poderemos escolher o que queremos, afinal, somos nós que dirigimos o nosso barco e não as ondas. Segundo, porque nós sempre teremos a opção de viver, dia após dia, hora após hora, minuto após minuto, gratas experiências, celebrando as que foram boas e aprendendo com aquelas que foram desafiadoras, em uma constante colheita, de cuja semeadura somos o principal protagonista.

Assim, a cada passo da nossa jornada, devemos olhar para a frente em busca do objetivo traçado, considerando as vivências que ficaram, mas sem esquecer de olhar à volta, vislumbrando a paisagem que nos cerca pela estrada que percorremos. Devemos sonhar com o destino, mas sem descuidar de apreciar as flores no caminho (Projeto da amiga Floriana Bertini).

Isto sim é a verdadeira felicidade; aquela que aprecia cada minuto da experiência de vida, por mais simples que se nos apresente, transformando o que é vivido em aprendizados que simplificarão os passos da próxima caminhada.

“Viver é isso, equilibrar-se, permanentemente entre escolhas e consequências” (Jean-Paul Sartre), já nos ensinava o filósofo. Portanto, o que somos sempre será fruto de nossas escolhas e não resultado das circunstâncias (Viktor Frankl). 

Sendo assim, será preferível escolher a simplicidade que guarda os benefícios da verdadeira felicidade, entendendo e aprendendo que a caminhada me fará mais forte, experiente e melhor, sempre.

Fundador e Diretor Executivo de Sentido do Instituto Movimento pela Felicidade. Idealizador do Encontro Internacional pela felicidade e Bem-Estar, em sua 10ª edição em 2024. Especialização em Biopsicologia pelo Instituto Visão Futuro – SP. Professor convidado da Fundação Dom Cabral, em Sustentabilidade, Felicidade e Bem-Estar, Organizador e coautor do livro “Felicidade em Movimento”. Coordenador do programa Cidades felizes, do Instituto Movimento pela Felicidade e Bem-Estar. Idealizador e coordenador de Programas de Felicidade Interna do Cooperativismo em cooperativas brasileiras. Graduado em Direito pela UBM – Rio de Janeiro; Cursando MBA em ESG pelo IBMEC, Especialização em Gestão de Organizações do Terceiro Setor pela UFMG e em Gestão Estratégica de Cooperativas, pela Fundação Pedro Leopoldo – MG; Consultor do Sistema OCB Nacional e Estadual.

Conheça mais sobre Benedito Nunes e sobre o Movimento pela Felicidade.